Por que a geração Y yuppies é infeliz

22/10/2013

Por que a geração Y yuppies é infeliz
Menos de 35 anos = Geração Y. Entre 35 e 45 = Geração X. Mais de 45 anos = Baby Boomers. Embora reconheça algum valor nesta diferenciação, oriento as empresas apenas a aprimorar seus processos de seleção e, independentemente da geração, selecionar apenas pessoas que tenham o perfil alinhado com os valores da empresa. As idiossincrasias de cada geração que vão se catar.

Prezados clientes e amigos, a geração Y hoje representa cerca de 40% da força de trabalho nas empresas brasileiras e é formada por jovens com 35 anos ou menos. Extrair deles o melhor não se trata apenas de compreendê-los ou criar ambiente próprio para suas idiossincrasias, mas em detectar no momento da seleção quem são aqueles que receberam melhor educação de seus pais e não foram transformados em Yuppies confusos e infelizes. Assisti a um vídeo onde os conferencistas aconselham as empresas a criar um ambiente de trabalho propício para integrar as gerações dos Baby Boomers (acima de 45), a geração X (entre 35 e 45) e a geração Y. Não concordo, pois isto significa pedir que as companhias gerem um milagre. Oriento meus clientes a definir o perfil certo para trabalhar nas suas empresas a partir dos valores da organização. E as gerações, sejam elas quais forem, com suas maniazinhas, que vão se catar.

O artigo que segue foi postado no blog WAIT BUT WHY. Procure-o no Google com este nome, há outros bons artigos lá.

Traduzi o artigo para facilitar as coisas para quem não é muito amigo do idioma inglês. Aproveite.

Por que a Geração Y Yuppies é Infeliz?

Diga oi para Lucy.


Lucy é parte da Geração Y, a geração nascida entre o final dos anos setenta e o meio dos anos noventa. Ela também é parte de uma cultura yuppie que representa uma larga porção da Geração Y.

Eu tenho um termo para os yuppies da faixa etária da Geração Y – eu os chamo de Yuppies Especiais e Protagonistas da Geração Y ou GYPSYs (ciganos). Um GYPSY é a única marca de um yuppie, aqueles que pensam que são os principais protagonistas de uma história muito especial.

Então Lucy está apreciando sua vida de GYPSY, e ela é muito agradecida por ser Lucy. A única questão resume-se a um ponto:

Lucy está “tipo” infeliz.

Para entender com profundidade a razão, precisamos definer o que realmente faz alguém feliz ou infeliz antes de mais nada. Isto se resume a uma simples fórmula


A resposta é muito direta – quando a realidade da vida de alguém é melhor do que ele esperava, então ele está feliz. Quando a realidade torna-se pior do que as expectativas, então ele é infeliz.

Para contextualizar, vamos começar trazendo os pais de Lucy para a discussão:


Os pais de Lucy nasceram nos anos 50 —eles são Baby Boomers. Eles foram criados pelos avós de Lucy, que cresceram durante a Grande Depressão dos anos 30, lutaram na Segunda Guerra Mundial e nunca foram GYPSYs.


Os avós de Lucy eram obcecados por segurança econômica e criaram os pais de Lucy para construir carreiras práticas e seguras. Eles queriam que as carreiras dos pais dela fossem “campos mais verdes” do que as deles e os pais de Lucy foram criados para vislumbrar uma carreira próspera e estável para si próprios. Algo como esta figura:


Eles foram ensinados que nada os deteria de conseguir este gramado verde e luxuriante para suas carreiras, mas que eles precisariam investir anos de trabalho duro para fazer isto acontecer.


Depois de serem hippies intoleráveis, os pais de Lucy embarcaram nas suas carreiras. Enquanto os anos 70, 80 e 90 passavam, o mundo ingressou em uma época de prosperidade econômica sem precedentes. Os pais de Lucy se saíram melhor do que esperavam. Isto os deixou com um sentimento gratificante e os tornou otimistas.


Com uma experiência de vida mais positiva do que seu pais e sem grandes altos e baixos, os pais de Lucy cresceram com um senso de otimismo e possibilidades sem limites. E eles não estavam sozinhos. Todos Baby Boomers ao redor do país e do mundo disseram para suas crianças que elas poderiam ser o que elas quisessem ser, instilando uma identidade de protagonista especial profundamente dentro de suas mentes.

Isto deixou GYPSYs sentindo uma tremenda esperança sobre suas carreiras, ao ponto que as metas de seus pais de um gramado verdejante de segurança e prosperidade já não os satisfazia. Um gramado digno de um GYPSY deveria ter flores.


Isto conduz ao nosso PRIMEIRO FATO sobre os GYPSYs:

GYPSYs SÃO MUITO AMBICIOSOS


Os GYPSYs precisam muito mais da carreira do que um belo gramado verde de prosperidade e segurança. O fato é que um gramado verde não é excepcional ou único o suficiente para um GYPSY. Enquanto os Baby Boomers queriam viver The American Dream, GYPSYs querem viver seus próprios Sonhos Pessoais.

Cal Newport (blogueiro da Harvard) mostra que "siga sua paixão" é uma frase chamativa que apareceu nos últimos vinte anos de acordo com o Google's Ngram viewer, uma ferramenta que mostra quão proeminente uma dada frase aparece em inglês em um determinado período de tempo. O mesmo Ngram viewer mostra que a frase “uma carreira segura” está fora de moda e que a frase "uma carreira completa" ficou “quente”.



Para ser claro, os GYPSYs querem prosperidade econômica assim como seus pais queriam, apenas eles também querem ser preenchidos em suas carreiras de uma forma sobre a qual os seus pais não pensaram muito.

Mas alguma coisa a mais também está acontecendo. Enquanto as metas de carreira da Geração Y como um todo tem se tornado muito mais particulares e ambiciosas, uma segunda mensagem tem sido dada para Lucy através de sua infância:


Este é o momento ideal para trazermos o Segundo fato sobre GYPSYs: GYPSYs são DELIRANTES

"Certo ," Lucy foi ensinada, "todos continuarão e conseguirão por si mesmos suas carreiras completes, mas Eu sou especialmente maravilhosa e como tal, “minha carreira e minha vida serão um ponto acima no meio de toda esta multidão”. Então no topo da geração como um todo e tendo uma meta ousada de uma carreira florida, cada GYPSY individualmente acha que ele ou ela está destinado para alguma coisa muito melhor.

Um Unicórnio brilhante no topo do gramado florido.


Então por que tanta desilusão? Porque isto é o que todos os GYPSYs pensam, o que desafia a definição de especial: Especial adjetivo melhor, mais excelente, ou qualquer coisa diferente do normal.

Conforme esta definição, a maioria das pessoas não são especiais— de outra forma, “especial” não significaria nada. Até mesmo neste exato momento, GYPSYs lendo isto estão pensando: "Boa abordagem...mas eu realmente sou um destes poucos especiais” – e este É O PROBLEMA.

Uma segunda desilução dos GYPSYs acontece mais uma vez quando eles entram no Mercado de trabalho. Enquanto a expectative dos pais de Lucy era que longos anos de trabalho duro os levariam para uma carreira segura, Lucy considera uma excelente carreira uma obviedade dada para alguém tão excepcional quanto ela, e para ela esta é apenas uma questão de tempo e de escolha do que fazer. Sua expectativa é algo mais ou menos assim:


Infelizmente, a coisa engraçada sobre o mundo é que ele vira para outro lado, não para ser este lugar fácil de se viver, e a coisa estranha sobre as carreiras é que elas realmente são muito difíceis. Grandes carreiras levam anos de sangue, sour e lágrimas para se construir — até mesmo aquelas sem flores e unicórnios—e até mesmo as pessoas mais bem sucedidas estão raramente fazendo grandes coisas no início ou no meio dos seus vinte anos. Mas GYPSYs não estão a fim de aceitar isto.

Paul Harvey, professor da University of New Hampshire e expert em GYPSYs, tem pesquisado sobre este assunto e descobriu que Gen Y tem "expectativas irreais e uma forte resistência para aceitar um feedback negativo" e "uma visão inflada de si próprios." He afirma que "uma grande fonte de frustração para pessoas com um senso forte de merecimento é não atingir as expectativas. Eles frequentemente sentem-se merecedores de um nível de respeito e de benefícios que não estão lainhados com suas reais habilidades e níveis de esforços”.

Para todos os candidatos a empregos e membros da Gen Y, Harvey pergunta em uma entrevista: “Você sente que você é geralmente superior aos seus colegas e, se sim, por que?”. Ele diz que “se os candidatos respondem sim para a primeira parte da pergunta mas têm dificuldades com o ”por que” , pode existir a questão do “merecimento”. Isto acontece por que as percepções de merecimento são frequentemente baseadas em um infundado senso de superioridade e merecimento. “Eles foram induzidos a acreditar nas suas juventudes que eles são especiais mas carecem de qualquer justificativa real para esta crença”.

E desde que o mundo real tem a ousadia de considerer mérito um fator, em poucos anos fora da escolar, Lucy descobre a ela própria desta forma:


A extrema ambição de Lucy acoplada com a arrogância que veio junto com os delírios sobre seu próprio valor, tem deixado Lucy com enormes expectativas até mesmo para os anos iniciais do seu trabalho, logo após a escola. E a realidade torna-se pálida em comparação com todas estas expectativas, deixando-a com FELICIDADE NEGATIVA na equação FELICIDADE – REALIDADE – EXPECTATIVAS.

E ainda há outra coisa pior. No topo disto tudo, GYPSYs têm um problema extra que se aplica a toda a geração:

GYPSYs São Provocados:

É certo, alguns colegas dos pais de Lucy na escola tiveram mais sucesso do que eles.. E embora eles possam ter ouvido isto por aí, a maioria não sabe exatamente o que aconteceu nas carreiras dos colegas.

Lucy, por outro lado, vê-se constantemente provocada por um fenômeno modern: o Facebook.
As mídias sociais criaram um mundo para Lucy onde
A) o que cada um está fazendo está transparente (está público);
B) a maioria das pessoas apresenta uma versão muito inflada de suas próprias existências, e
C) As pessoas que se gabam sobre suas carreiras ou relacionamentos são aquelas onde as coisas estão indo bem, enquanto que as pessoas onde as coisas estão indo mal tendem a não expor suas situações. Isto leva Lucy a achar, incorretamente, que todos estão se saindo bem, somente aumentando sua angústia:


Eis por que Lucy está frustrada. De fato, ela provavelmente começou sua carreira perfeitamente bem, mas, para ela, isto é desapontador.

Aqui meus conselhos para Lucy:

1) Permaneça ambiciosa. O mundo atual está borbulhando de oportunidades para quem é ambicioso e deseja uma grande carreira. A direção específica pode ainda não estar clara, mas isto acontecerá quando você mergulhar em algo.

2) Pare de pensar que você é especial. O fato é que você não é especial. Você é uma pessoa jovem e completamente inexperiente que não tem muito ainda para oferecer. Você pode tornar-se especial trabalhando realmente duro por um longo tempo.

3) Ignore os outros todos. O jardim do vizinho sempre parece mais florido. A verdade é todos estão tão indecisos e frustrados quanto você. Faça o seu trabalho e não terá razões para invejar os outros.

Paulo Ricardo Mubarack