O senhor não

27/05/2013

O senhor não
Alguém precisa incorporar o BAD BOY em cada empresa. É o “SENHOR NÃO”, o sujeito que vigia o caixa como um cão feroz, o cara que questiona constantemente todas as despesas, custos, investimentos ou qualquer outro termo que se queira dar para o dinheiro que sai da companhia. Mesmo as melhores pessoas, mesmo o sistema de bônus, nada disto garante a inexistência de pedidos bobos de gastos. Sem o SENHOR NÃO, você corre o risco de aprovar ao menos uma despesa idiota diariamente. O SENHOR NÃO adora uma tesoura e tem ódio aos custos./

Todas as pessoas que trabalham em uma empresa, mesmo as melhores, estão sempre testando o "sistema" e, de alguma forma, tentando adaptá-lo às suas necessidades e desejos. Embora na maioria das vezes com boas intenções, algumas demandas, se satisfeitas, podem provocar sérias rupturas na organização como um todo e aumento desnecessário de custos. Como executivo e como consultor já recebi pedidos como "Podemos comprar carros melhores para a diretoria?", vindo, pasmem, do presidente da organização (eu era membro do Conselho de Administração), "Podemos começar todos os dias meia hora mais tarde?", solicitação de um grupo de executivos em um treinamento realizado em hotel onde eu era o instrutor e "Podemos comprar duas injetoras mais novas?", demanda sem cálculo preciso de custo x benefício vinda do engenheiro-chefe da fábrica onde eu implantava rígido processo de orçamento base zero. Pedidos e mais pedidos que claramente não iriam mexer nos resultados, mas feitos por gente graduada e com poder dentro das suas empresas.

Não, não e não, estas foram as respostas. O "senhor NÃO" precisa existir dentro de cada companhia, claramente definido, que goze de respeito e tenha poder para brecar todas as tentativas estúpidas de violar o caixa ou a ordem estabelecida.

Gosto de repetir que mesmo as melhores pessoas da sua empresa vão pedir algo idiota e que se você não for ou se você não definir claramente quem é o "Senhor NÃO", você corre o risco de aprovar pelo menos uma despesa desnecessária diariamente. Ou aprovar demandas que, se não mexem diretamente no caixa, provocam a ruptura do moral da equipe ao conceder privilégios para alguns fora dos padrões da empresa.

O Senhor NÃO precisa ser definido e identificado claramente por todos na companhia. Seu perfil é de dono, daqueles que têm ódio a custos e que sabem diferenciar o que é realmente um investimento do que é apenas um capricho de qualquer executivo. Pode ser o controller, o diretor financeiro ou o cara responsável pelo Orçamento Base Zero, mas precisa ser definido e "empodeirado". Não precisa ser amado nem ser popular, apenas precisa ser duro, ter gosto pela palavra NÃO e ser corajoso o suficiente para encarar confrontos com gente poderosa.

Paulo Ricardo Mubarack