Falconi

11/02/2016

Falconi

Quando um dos principais consultores internacionais em gestão é entrevistado sobre sua obra na maior fabricante de bebidas do mundo, esperar-se-ia preparo técnico e respeito nas perguntas. Não foi o que aconteceu quando Falconi foi questionado por uma revista sobre sua própria empresa de consultoria e sobre a AmBev.



Vicente Falconi é um consultor brilhante. Fui seu cliente quando ainda era executivo do Gerdau no período 1988 – 1997 e aprendi os fundamentos da qualidade total com ele. Quando fundei a Mubarack Consulting em 1997 fiz um contrato e trabalhei aproximadamente 2 anos em parceira com a então chamada FCO/INDG, onde Falconi era o líder técnico. Somos empresas concorrentes e temos modelos de negócio diferentes, mas os fundamentos são os mesmos. Não falo com Falconi há mais de 20 anos e não tenho qualquer relacionamento com sua empresa. Apenas disputamos os mesmos clientes algumas vezes. Apesar da concorrência, não posso deixar de comentar a entrevista de Falconi para a revista Época Negócios, publicada no FACEBOOK em fevereiro de 2016.

Lamentei profundamente a oportunidade perdida pela revista ao entrevistar uma pessoa brilhante como Falconi. Quem o entrevistou mostrou sinais claros de despreparo técnico para este tipo de trabalho e falta de respeito com o entrevistado. Vejamos:

1. Despreparo técnico – citando bordões amadores, como “as novas gerações querem mais qualidade de vida e trabalhar menos”, “as empresas do Vale do Silício procuram qualidade de vida para seus empregados”, “Imagino que no Google também (existam muitos candidatos a emprego) ”, o entrevistador evidencia seu profundo desconhecimento sobre o tema GESTÃO.

2. Falta de respeito – a pergunta agressiva “Por que o senhor, que sabe tanto de produtividade, não fez essas melhorias antes?”, referindo-se à melhorias de produtividade na própria consultoria Falconi.  

O entrevistador ainda pergunta se não existem metas muito altas, questão aceitável para uma criança de 8 anos, mas nunca para um jornalista ou similar.

O entrevistador também questionou o modelo de gestão AmBev sem especificar ao menos um fato e foi descortês insistindo para que Falconi descrevesse Carlos Brito. Esta postura mostra novamente que a estatura lógica do entrevistador está muito abaixo da estatura do entrevistado. Quando isto acontece, o resultado é péssimo.

É lamentável que publicações de porte valorizem este tipo de trabalho, o qual classifico como de terceira linha. Falconi, AmBev ou qualquer outro consultor e empresa podem ser questionados, mas precisam de interlocutores com preparo técnico e social apropriados para que um bom produto possa ser oferecido para seus leitores.