Erre melhor da próxima vez

05/08/2013

Erre melhor da próxima vez
Uma vez, o vice-presidente do Conselho de Administração de uma empresa onde fui conselheiro assinalou um erro do presidente da organização. O incompetente presidente disse: “você não vai me ensinar a trabalhar”. Frase velha de um velho incompetente. E, pior: sinal de que o erro não seria estudado e continuaria a acontecer. Pior, ainda: atitude comum em gestores de todos os níveis. Por isto, erros absurdos têm vida longa nas companhias.

Cada vez que vou a uma empresa descubro alguns erros com severidade mediana e poucos, mas significativos, erros graves. A questão não é esta, o meu ponto é que normalmente ninguém registra o erro em um relatório de não conformidades, as causas não são estudadas e planos de ação para evitar a repetição não são feitos nem executados.

Isto significa que brevemente o erro será repetido. Gosto muito da frase que serve de título para este texto e minha vontade é enfiá-la de qualquer jeito na cabeça dos gestores: ERRE MELHOR DA PRÓXIMA VEZ. O problema não está exatamente no ato de errar, mas na falha de não registrar o erro, não estudar em detalhes e com método as causas e não agir corretiva e preventivamente, evitando a reincidência das mesmas causas e dos mesmos erros. Os piores erros cometidos nas empresas não são fruto de análise. É realmente surpreendente e insano este tipo de comportamento de empresários, acionistas, conselheiros, presidentes, diretores e gerentes. O erro é temido, é ocultado, mas raramente é estudado.

Parece-me que gestores em todos os níveis procuram desculpas, mas não querem identificar as causas. O erro queima em suas mãos, eles querem se ver livres dele e de suas consequências. O erro precisa:
1º. Ser personalizado – QUEM É O RESPONSÁVEL PELO ERRO? Nome e CPF, por favor!
2º. Qual foi o processo que permitiu o erro? Qual tarefa falhou? Em qual ponto foi a falha?
Treinamento, perfil, tecnologia, materiais, métodos, desconhecimento etc.

Desta forma, segue uma lista DE CAUSAS PROIBIDAS:
1 – Choveu, ventou, tempestade etc.
2 – A culpa foi do transportador.
3 – A culpa foi do fornecedor.
4 – O mercado está parado.
5 – Todo mundo está mal.
6 – Não sei.

Quando acontece um erro, a empresa precisa enxergá-lo como uma oportunidade para o aprendizado. Os gestores precisam entender que o erro aconteceu porque eles não sabem de alguma coisa. A organização precisa aprender com seus próprios erros. Ela SEMPRE É A CULPADA. É proibido culpar agentes externos, sejam eles quais forem. Simples, porém difícil. Basta que façamos um esforço de memória e tentemos lembrar a última vez que ouvimos um gestor de qualquer nível falar: eu errei. Quase nunca se ouve esta confissão saudável do erro. Sinal de que ele, o erro, persistirá e continuará a sangrar o caixa da empresa.

Paulo Ricardo Mubarack