A geração copia-cola

24/06/2013

A geração copia-cola
Estudar com base em folhas soltas, fazer pesquisas completamente fajutas no Google e não aprender a consultar livros-texto nas aulas, forma estudantes com pouco raciocínio lógico e analítico. O problema é que esta turma transforma-se em gestores e dirigentes das nossas empresas, obtendo resultados paupérrimos. Implantar uma norma de gestão na empresa parece trabalho destinado a um ou dois Hércules tal a dificuldade imposta pelo desconhecimento e pelo descaso oriundos da má formação escolar.

É vital que o sistema de gestão de uma empresa siga uma norma. Pode ser a ISO 9001, os critérios do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ) ou os requisitos de qualquer outro certificado internacional como o americano Malcolm Baldrige ou o japonês Prêmio Deming. O que não pode acontecer é a ausência de uma referência. Pode, inclusive, ser uma norma interna, criada pelos técnicos da própria organização.

A norma servirá como guia para os gestores compreenderem qual é o padrão gerencial da companhia e para as auditorias internas e externas. Terá o papel de unificar o método de gerenciamento, conforme as melhores práticas acreditadas pela empresa.

Já entrevistei alguns executivos para cargos de direção e presidência dos meus clientes e sempre faço a seguinte pergunta: "Qual é o seu método de gerenciamento?" ou "Qual norma de gerenciamento você segue?". Se a resposta for atrapalhada, se ele disser que "sigo o meu método" ou se nem entender minha pergunta, o candidato não serve.

Muitas organizações sucumbem quando seus fundadores saem ou simplesmente se ausentam por um período porque ele, o fundador, é a norma. O método não está codificado, sendo, portanto, inexistente ou de difícil compreensão por parte de todos na empresa, não pode ser replicado e estabelece-se uma grande confusão. A norma deverá conter fundamentos gerenciais, métodos e ferramentas e tem como único objetivo obrigar a que todos os gestores pratiquem a administração de suas áreas da maneira mais produtiva possível. Sem esta referência, cada um gerenciará do seu jeito ou, na realidade, de jeito nenhum, o que representa uma tragédia para os resultados.

No Brasil, as empresas empregam a geração copia-cola. Educados sem livros, nossos estudantes cumpriram mais de 17 anos na escola aprendendo apenas com base em folhas soltas distribuídas pelos professores e executando "pesquisas" do tipo copia-cola, com a ajuda do Google.

O copia-cola provoca falta de senso lógico e analítico em nossos alunos, transformados depois em gerentes, diretores e presidentes de organizações. Quando solicitados, não conseguem definir um indicador de desempenho para seus processos, não conseguem desenhar o fluxo do trabalho e são incapazes de estabelecer um procedimento escrito para suas equipes. Constrangidos pelo próprio desconhecimento, defendem-se chamando a tudo isto de "burocracia" e gerenciam como no século XIX, obtendo resultados paupérrimos.

Paulo Ricardo Mubarack